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Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura da cana-de-açúcar

Mapa da aptidão da cultura da cana-de-açúcar

Aptidão climática para a cultura canavieira

A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.), como planta semi-tropical em todo o curso do ano. Nesse aspecto, difere das cultura anuais, de ciclo curto, como as de arroz algodão, trigo, batata etc., que são influenciadas apenas pelas características climática de limitados períodos do ano.

As exigências climáticas da lavoura canavieira podem diferir bastante segundo a finalidade: açúcar de usina, aguardente ou forragem.

Normalmente, as lavouras para produção de açúcar são mais exigentes em clima. Como há necessidade de alta produção de sacarose, a planta necessita encontrar condições térmicas e hídricas adequadas no período vegetativo, para permitir desenvolvimento satisfatório da planta e uma estação de repouso com acentuada restrição hídrica ou térmica, para forçar repouso da planta e enriquecimento em sacarose, na época do corte.

Essas restrições não deverão ser exageradas, pois poderão limitar a produção geral do canavial e exigir medidas corretivas que encareçam a produção. Dessa forma, para fugir aos efeitos de um período hibernal rigoroso, que reduza demasiado a estação vegetativa, a cultura açucareira está restrita à zona intertropical, com poucas incursões às áreas de latitudes mais elevadas da zona subtropical. Basta que em alguns meses do ano, a temperatura caia abaixo de 15 ºC, para que se tenha de recorrer a variedades precoces e resistentes ao frio.

No estado de São Paulo encontram-se as mais variadas condições e restrições climáticas para a lavoura canavieira. Certas áreas possuem clima que se pode considerar ideal, sem restrição alguma. Outras apresentam restrições, quer térmicas, que hídricas, mas moderadas, que permitem a cultura econômica, sem exigir recursos e técnica agronômica especial.

Exigências Climáticas

A cana-de-açúcar, para se desenvolver normalmente e dar produções e rendimentos comerciais econômicos de sacarose, necessita dispor de um mínimo de energia ou calor durante o ciclo vegetativo.

Camargo e Orotolani (1964) admitem que o número de unidades de evapotranspiração potencial, acumuladas, necessário ao desenvolvimento e maturação das variedades comuns de cana, para fins açucareiros, está em torno de 850 mm anuais, por ser esse o número encontrado nas áreas açucareiras mais frias do sudoeste do território paulista e nas regiões canavieiras do Rio Grande do Sul. Nas condições do Estado de São Paulo, as áreas com menos de 850 mm de evapotranspiração potencial anual, apresentam a temperatura anual média de aproximadamente 19 ºC.

Geadas – nas áreas mais afetadas pelas geadas, torna-se necessário o cultivo de tipos mais resistentes ao frio, ou o emprego de medidas de defesa preventiva, evitando o plantio em terrenos de baixada ou fundo de bacias mal drenadas.

Maturação – Fatores diversos podem influenciar a maturação da cana, o rendimento de sacarose e a presença de glicose no caldo. Tais fatores estão associados à taxa de crescimento da cana. Há uma relação inversa entre a taxa de crescimento do colmo e o rendimento de sacarose do caldo, pelo fato de que, com o consumo de produtos assimilados, no processo de crescimento, sobram menos desses produtos para serem armazenados na haste da cana.

Dois são os fatores climáticos que influenciam o repouso e a maturação da cana: baixa temperatura e deficiência de umidade.

A queda da temperatura média diária abaixo de determinados limites reduz substancialmente o crescimento da cana. Crescimentos apreciáveis são observados apenas quando a temperatura média diária ultrapassa 21 ºC (Walter apud Dillewijn, 1952). Na ausência de estação seca admite-se ser necessário, para que a região tenha condições favoráveis à maturação, que haja uma estação hibernal com médias termométricas inferiores àquele limite de 21 ºC. Nas regiões em que a temperatura média do mês mais frio cai abaixo dos 20 ºC, como em todo do Estado de São Paulo, pode-se admitir que pelo menos três ou mais meses da safra, a temperatura média caia abaixo de 21 ºC para proporcionar boa maturação da cana-de-açúcar.

Deficiências hídricas – Ao considerar o fator térmico, os critérios comuns baseados nas temperaturas médias anuais dão, geralmente, indicações bastante úteis, definindo razoavelmente bem suas condições. Já não se pode dizer o mesmo a respeito do fator hídrico. Os critérios simplistas, comuns, baseados nos totais pluviométricos anuais, sem levar em conta sua distribuição no curso do ano e as necessidades reais de umidade, nem sempre se aplicam bem, induzindo, não raro, a graves erros de interpretação. Para afastar a dificuldade, lançou-se mão do balanço hídrico de Thornthwaite & Mather (1955), o qual, baseado num sistema d contabilização da água do solo, permite estimar, satisfatóriamente, a disponibilidade de umidade para as plantas.

Em Campinas, por exemplo, zona representativa de grande parte da região açucareira paulista, apesar de chover menos que em Ribeirão Preto, o balanço da água acusa deficiências bem inferiores, de apenas 34 mm, ao passo que, nesta última, ascendem a 108 mm anuais. A evapotranspiração potencial mais elevada em Ribeirão Preto, a par de uma pior distribuição anual das chuvas, explica sua maior deficiência hídrica.

Quando a deficiência hídrica ultrapassa determinados limites, poderá afetar seriamente o desenvolvimento e a produtividade do canavial. Vários fatores poderão influenciar o estabelecimento do limite além do qual as deficiências passam a ser prejudiciais à lavoura canavieira e a exigir correção pela irrigação suplementar. Foi adotado aqui, o limite de 140 mm de deficiências anuais, comparável ao de 150 mm proposto por Camargo e Ortolani (1965), para indicar as áreas que exigiram a irrigação suplementar.

Carta de Aptidão Climática

A carta de aptidão climática da cana-de-açúcar traz o mapeamento das faixas com as diferentes limitações e possibilidades climáticas, para diferentes finalidades da cultura: indústria açucareira, aguardente e forragem.

Para os refinamentos adotados na definição das exigências climáticas e na carta de aptidão ao clima recorreu-se à experiência de especialistas em cultura canvieira.

Limitações climáticas: Os parâmetros climáticos adotados para definir as limitações agroclimáticas da cultura canavieira no Estado de São Paulo foram:

  1. Temperatura média anual (Ta) = 21 ºC, indica o limite inferior da faixa térmica favorável, considerada ótima para a cana-de-açúcar;
  2. Ta = 19 ºC, designa o limite abaixo do qual a faixa é considerada com restrição térmica acentuada e inapta para a cultura da cana para indústria açucareira. Mostra-se porém, ainda marginal para produção de aguardente e forragem;
  3. Ta = 18 ºC, é o limite abaixo do qual a restrição é severa e, a cultura da cana-de-açúcar, considerada inapta para qualquer empreendimento comercial;
  4. Deficiência hídrica anual (Da) segundo Thornthwaite & Mather (1955) – 125 mm. Da = 140 mm, aponta o limite acima do qual a faixa é considerada com deficiência hídrica sazonal pronunciada, tornando-se recomendável o emprego da irrigação suplementar;
  5. Da = 0 mm, indica as faixas com ausência de estação seca, fator que prejudica a maturação e colheita do canavial;
  6. excedente hídrico anual, segundo Thornthwaite & Mather (1955) – 125 mm; Ea = 800 mm, designa o limite acima do qual ocorre excesso de umidade na estação vegetativa.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, vol. 1. 1974.

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