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Boletim

Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura da maga

Mapa da aptidão da cultura da manga

Aptidão agroclimática para a cultura da manga

A manga (Mangifera indica L.), é originária de áreas em que domina clima monçônico, caracterizado por duas estações bem distintas; um verão quente extremamente chuvoso e um inverno ameno praticamente sem chuvas. Cultivada praticamente, em todo o mundo tropical atingindo também certas áreas subtropicais onde a temperatura média do mês mais frio se mostra superior a 15 ºC. Nos trópicos as plantações comerciais estão normalmente limitadas as áreas com altitudes inferiores a 600 metros e nos subtrópicos geralmente acerca do nível do mar.

Exigências climáticas

Como planta originária de clima monçonico a mangueira necessita de uma estação seca para vegetar e principalmente frutificar normalmente, vez que, a diferenciação floral se efetua normalmente pouco depois do final da estação chuvosa e o florescimento ocorre durante os meses secos. Em regiões tropicais-equatoriais quentes são necessários pelo menos 1000 mm de chuva por ano com uma estação seca em torno d 4 a 6 meses de duração com média mensal inferior a 60 mm para se ter a melhores produções. As chuvas que ocorrem durante o principal período de florescimento reduzem seriamente a polinização e a permanência do fruto na árvore.

As mangueiras suportam bem estações secas prolongadas desde que cultivadas em solos profundos e bem drenados. Dessa forma o solo pode armazenar água disponível suficiente para os períodos com deficiência hídrica elevada.

Simão (1960) atribui à incidência d moléstias a causa que mais concorrem para reduzir a frutificação da mangueira, diminuindo a atividade da inflorescência, derrubando e estragando os frutos. Como a umidade e a baixa temperatura favorecem o ataque de muitas moléstias, especialmente o oídio e a antracnose, maiores responsáveis pelos danos na frutificação, pode-se inferir a importância do clima na produção da mangueira. Em anos excessivamente úmidos a produção pode ser muito reduzida ou mesmo anulada. As chuvas, segundo o citado autor, dificultam ainda a polinização, derrubando as flores e os frutos novos.

Hopkins (1938) verificou que para cada 150m de aumento na altitude o florescimento é atrasado de 5 dias. Como o gradiente de resfriamento normal é aproximadamente de 1 ºC para cada 150m de ascensão, pode-se inferir que para cada grau centígrado de redução na temperatura média da área, há um atraso de 5 dias na data da floração da mangueira.

Singh (1975) informa que a manga tolera um grande variação climática, mas é essencial ter a temperatura e a precipitação dentro de uma faixa bem definida. A temperatura mínima absoluta suportada está entre 1 e 2 ºC (no abrigo meterorológico). De fato, geadas verificadas no Paraná e sudoeste de São Paulo em julho de 1975, ocasião em que as temperaturas mínimas no abrigo meteorológico caíram abaixo de –3 e –4 ºC, as mangueiras encontradas tiveram as copas completamente queimadas. Já nas áreas menos afetadas pela geada, com temperaturas mínimas superiores a 0 ou –1 ºC, as plantas adultas foram danificadas apenas parcialmente.

Simão (1971), tratando do fator temperatura acentua que, além de controlar os processos vitais da planta, constitui uma das principais determinantes da produção. Nas condições do Estado de São Paulo a mangueira não produz satisfatóriamente em áreas com altitudes superiores a 700m, como de Campinas para o sul, com temperaturas médias anuais abaixo de 20 ºC.

Camargo (1967a), para mapear a aptidão climática da mangueira no Vale do Rio Doce, adotou os parâmetros anuais de 900 mm de evapotranspiração potencial, para caracterizar a suficiência térmica; e o de 40 mm de deficiência hídrica, segundo balanço hídrico de Thornthwaite & Mather (1955) – 125 mm, para definir a condição de umidade requerida para a cultura comercial.

Parâmetros adotados no zoneamento

Para o traçado da carta de aptidão climática para a cultura da mangueira foram consideradas as exigências normais da espécie. Como são muitas as variedades comerciais, algumas mais exigentes outras menos exigentes, a carta deve ser considerada como uma indicação geral. As faixas consideradas aptas apresentam condições climáticas favoráveis. As faixas definidas como marginais apresentam restrições, térmicas ou hídricas, para a maioria das variedades.

Como o território do Estado de São Paulo se acha no limite da faixa intertropical, não há problemas climáticos por excesso térmico. As restrições climáticas por esse fator ocorrem por carência térmica nas áreas serranas muito frias e de grande nebulosidade.

Pelo fato de o território paulista e encontrar em região de clima úmido e em parte superúmido, não apresenta, normalmente, problemas de falta de umidade para a cultura da mangueira. As restrições encontradas são apenas as trazidas pelo excesso hídrico ou falta de estação seca, condição encontrada nas regiões serranas do sul e leste do Estado.

Os parâmetros adotados para caracterizar as diferentes faixas de aptidão climática para a mangueira no Estado de São Paulo foram as seguintes:

a) Temperatura média anual (Ta) = 21 ºC: corresponde ao limite acima do qual a faixa é considerada termicamente apta à cultura comercial; abaixo desse limite começam aparecer as restrições térmicas à produção e à qualidade do produto;

b) Ta = 19 ºC: indica o limite abaixo do qual a faixa é considerada inapta climaticamente por insuficiência térmicamente; entre os limites de 19 e 21 ºC a faixa é considerada marginal.

c) deficiência hídrica (Da) = 40 mm: indica a presença de uma estação seca considerada suficiente para condicionar a frutificação satisfatória e produção normal;

d) deficiência hídrica (Da) = 20 mm: corresponde ao limite abaixo do qual aparece a inaptidão climática por falta de uma estação seca suficiente para condicionar uma frutificação satisfatória para a cultura comercial; entre os limites de 20 a 40 mm a faixa é considerada marginal para a cultura da mangueira.

Cartografia – Faixas de aptidão climática

A carta de aptidão climática para a cultura da manga, no Estado d São Paulo traz as seguintes faixas de aptidão climática:

Faixa "A" – Ta superior a 21 ºC e Da acima de 40 mm. Mostra-se apta pelas condições térmicas e hídricas favoráveis a vegetação e a frutificação da mangueira. Compreende toda a metade do Norte do Planalto Paulista.

Faixa "B" – Ta superior a 21 ºC e Da entre 20 e 40 mm. É marginal por ausência de estação seca hibernal pronunciada, o que pode prejudicar a frutificação. É uma faixa estreita adjacente a faixa A.

Faixa "C" – Ta entre 19 e 21 ºC e Da, superior a 20 mm. É marginal por restrição térmica, que prejudica a qualidade dos frutos. Está no sul da faixa B, abrangendo particularmente as fraldas da Serra da Mantiqueira, vizinha de Minas Gerais.

Faixa "D" – Ta superior a 19 ºC e Da inferior a 20 mm. Mostra-se marginal a inapta a cultura da manga por ausência de estação seca pronunciada, favorecendo a incidência de problemas fitossanitários e prejudicando a qualidade dos frutos. Abrange a parte sudoeste do Planalto, região da Sorocabana, e também todo o litoral e o Vale do Ribeira do Iguape.

Faixa "E" – Ta inferior a 19 ºC. Mostra-se totalmente inapta a cultura da manga, por carência térmica. Compreende a região serrana, mais alta e fria do Estado, seja nas Serras do Mar e da Mantiqueira.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, vol. 2. 1977.

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