Estiagem e seca
Definições de seca
Segundo o dicionário Aurélio, seca é a falta de chuva ou o período em que a ausência dessas acarreta graves problemas sociais. Palmer, 1965, considera a seca como o intervalo de tempo, geralmente da ordem de meses ou até mesmo anos, durante o qual a precipitação cai “consideravelmente” em relação ao climatologicamente esperado ou apropriado.
Segundo McKee et al 1995, não existe nenhuma definição válida para qualquer região, em qualquer época e ainda adequada a toda e qualquer atividade. Sansigolo (2004) citando Dracup et al.(1980), e Olapido,(1985) exemplifica quatro definições de seca baseadas em considerações meteorológicas, hidrológicas, agrícolas, e econômicas: seca meteorológica, refere-se a precipitação abaixo das normais esperadas; secas hidrológicas e agrícolas, referem-se respectivamente, a níveis de rios e reservatórios abaixo do normal e a umidade do solo insuficiente para suprir a demanda das plantas; e a seca econômica, a qual ocorre quando o déficit de água induz a falta de bens ou serviços (energia elétrica, alimentos e etc) devido ao volume inadequado, a má distribuição das chuvas, ao aumento no consumo, ou ainda ao mau gerenciamento dos recursos hídricos.
Comum a todos os tipos de seca é o fato delas se originarem de um déficit de precipitação que resulta em uma baixa disponibilidade hídrica, para a atividade que a requer (WILHITE et al., 1987).
Índice de Palmer ( PDSI)
Um dos índices mais utilizados e mundialmente reconhecidos para quantificação da seca é o Índice de Severidade de Seca de Palmer. PALMER (1965) considera que o total de precipitação requerida para manter uma área em um determinado período sob condições de economia estável é dependente da média dos elementos meteorológicos, das condições meteorológicas dos meses precedentes e do mês atual para a área em questão.
O método para a estimativa da precipitação requerida (CAFEC) basea-se nas médias históricas de evapotranspiração, recarga de água no solo , runoff e perde de umidade do solo. A diferença entre a precipitação ocorrida e a requerida (Pc) representa uma medida razoavelmente direta da diferença hídrica entre o mês em questão e a normal climatológica. Quando essa diferença é apropriadamente ponderada (K), o valor resultante (Z) pode ser comparado para diferentes locais e épocas.
Pc = aETPi + bPRi + gPROi + dPLi (1)
Sendo: a = ETR/ETP; b= R/PR; g= RO/PRO e d = L/PL
As Constantes de padronização K Também são mensalmente definidas, num período de calibração por:
Ki ‘ = 1,5 log10½(T+ 2,8)/D½+0,5 (3)
T= (ETP + R + RO)/(P + L) (4) e D = ½Pi-Pc½ (5)
Com isso tem-se:
Z = (Pi-Pc)K (6)
Sucessivos índices Z negativos foram combinados a fim de produzir a equação final do PDSI:
PDSIi = 0.897PDSI i-1 + (Zi /3) (7)
Palmer (1965) considerou ainda 11 categorias de classificação de eventos baseadas no resultado da equação acima descrita:
PDSI | Categoria |
³ 4,OO | Extremamente Úmido |
3,00 a 3,99 | Muito Úmido |
2,00 a 2,99 | Moderadamente Úmido |
1,00 a 1,99 | Ligeiramente Úmido |
0,50 a 0,99 | Úmido Incipiente |
0,49 a -0,49 | Próximo ao Normal |
-0,50 a -0,99 | Seca Incipiente |
-1,00 a -1,99 | Ligeiramente Seco |
-2,00 a-2,99 | Moderadamente Seco |
-3,00 a -3,99 | Muito Seco |
£ - 4,00 | Extremamente Seco |
Standardized Precipitation Index ( SPI)
McKee et al. (1993) desenvolveu um índice que quantifica o défict ou o excesso de precipitação para diferentes escalas de tempo. Esta versatilidade permite ao Standardized Precipitation Index (SPI) monitorar o fornecimento de água em pequenas escalas (mensal por exemplo), voltando-se mais ao interesse agrícola assim como monitorar tal fornecimento em longas escalas de tempo (bi-anual por exemplo) voltando-se mais ao interesse hidrológico.
O SPI é baseado em um banco histórico de dados de chuva (30 anos no mínimo) sendo ajustado através da distribuição gama a qual é então transformada em uma distribuição normal, a qual, pela definição tem o valor zero para sua média e variância unitária.
O evento seca ocorre quando o valor do SPI é igual ou menor a -1 e tem seu fim quando o índice torna-se positivo. Dentro de sua escalas os valores menores ou iguais a -2 indicam seca extrema e os maiores ou iguais a 2 umidade extrema.
SPI | Categoria |
2,OO | Extremamente Úmido |
1,5 a 1,99 | Muito Úmido> |
1,00 a 1,49 | Moderadamente Úmido |
0,99 a -0,99 | Próximo ao Normal |
-1,00 a-1,49 | Moderadamente Seco |
-1,50 a -1,99 | Muito Seco |
£ - 2,00 | Extremamente Seco |
Crop Moisture Index (CMI)
PALMER (1968), desenvolveu o Índice de Umidade de Cultura (CMI) para monitorar semanalmente as condições das plantações em escala climatológica, sendo esse baseado na temperatura média e no total de precipitação para a se- mana em questão.
Segundo o autor em termos simples a seca agrícola é o "defict de evapotranspiração". Porém se for usada a evapotranspiração potencial como estimativa da máxima umidade requerida pelas plantas, áreas subúmidas e semi-áridas terão defict de evapotranspiração supestimados durante o verão. Com isso é sugerido por Palmer (1968), que se use a anomalia da evapotranspiração real, isto é, "uma estimativa do total que a evapotranspiração real decaiu em relação a evapotranspiração real esperada para aquela semana".
Valores negativos do CMI significam que a evapotranspiração ocorrida foi deficiente e valores positivos significam que a evapotranspiração real e/ou a precipitação excedeu a climatologicamente esperado para aquela semana.
Drought Index (DI)
A Evapotranspiração Potencial pode ser, de maneira simplista, entendida como a máxima emergia disponível, em uma superfície extensa e vegetada, para o fenômeno da evapotranspiração.
A Evapotranspiração real pode ser, de maneira simplista, entendida como a água realmente utilizada pela superfície vegetada em questão. Logo se a magnitude da ETP for igual a da ETR pode-se concluir que não houve falta d’água no período.
O DI considera essa premissa por meio da equação:
DI = (1-ETR/ETP)*100
Quanto menor for a razão entre ETR/ETP, maior déficit hídrico, maior será o valor do DI.