Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura da chá
Mapa da aptidão da cultura do chá
Aptidão agroclimática
A cultura do chá é feita normalmente em terras altas tropicais ou nas regiões temperadas baixas. Em ambas as condições predominam as temperaturas amenas, que favorecem a cultura e a produção da planta.
Exigências climáticas
Segundo Ochese et al. (1965), pode ser cultivado em quase todos os sub-trópicos e regiões montanhosas dos trópicos (regiões equatoriais, propriamente ditas). A planta pode suportar temperaturas abaixo da congelação. Os limites de latitude e de altitude para o cultivo econômico, porém, estão determinados pelas isotermas das mínimas de inverno, que não devem ser inferiores a 0 ºC. O chá de melhor qualidade, de acordo com os autores citados, é produzido em clima fresco. Em regiões montanhosas acima de 1000 metros, embora a qualidade possa ser favorecida, a cultura poderá ser prejudicada na produtividade devido à insuficiência térmica e á alta nebulosidade, que tornam muito lento o desenvolvimento da folhagem.
Em condições equatoriais, o chá pode ser cultivado com êxito em áreas baixas onde a precipitação média anual é de cerca de 2500 mm. Nas áreas com precipitação inferior a 2000 mm anuais, a cultura não prospera bem, especialmente pelo clima tipo monçônico (estações alternadas, úmidas e secas) predominante na região. Admite-se que o chá sofre mais durante períodos muito marcados de seca que outras culturas como a seringueira, o café e o cacau; entretanto, quando há chuva suficiente nos meses secos se obtem um produto de melhor qualidade que em um clima continuamente úmido. O chá requer solo profundo, solto e bem drenado para seu bom desenvolvimento, especialmente em climas de tipo monçônico, com estação seca acentuada.
Segundo a FAO (1961) o chá pode ser cultivado desde o nível do mar até cerca de 1800 metros de altitude em regiões equatoriais e até 30º de latitude ao nível do mar. A 2000 metros pela insuficiência térmica, produz brotos muito pequenos e débeis. Por outro lado, não se desenvolve bem em planícies costeiras muito quentes e úmidas.
Ellis (1971), estudando as relações entre a planta de chá e a disponibilidade de água em áreas teícolas de Malawi, África, região com condições climáticas tropicais semelhante às encontradas na maior parte de Minas Gerais e Planalto Paulista, observou que a distribuição anual é muito irregular, com obtenção de 86% da produção na estação chuvosa, 4% na estação fria e 10% na estação seca e quente. A concentração da produção em uma estação relativamente curta dificulta a mão-de-obra para a colheita e exige mais maquiarias nas centrais de benefício que as utilizadas em outras circunstâncias. A qualidade do produto também fica prejudicada. O uso de irrigação suplementar tem trazido aumentos de produção da ordem de 30% e substancial prolongamento da estação de colheita.
As condições climáticas do Planalto Paulista se aproximam bastante das existentes nas regiões teícolas do Malawi particularmente com respeito os fator térmico. Paro o fator hídrico as condições são também semelhantes. Mas o Planalto Paulista se apresenta bem menos seco. Os dados pluviométricos e do balanço hídrico mostram que as deficiências hídricas anuais ascendem a 239 mm em Cholo (Malawi) e apenas a 102, em Ribeirão Preto. O período com deficiências de água é de 4 meses em Ribeirão Preto e de 7 meses em Cholo.
O índice hídrico – Im parece ser o melhor indicador das condições climáticas de umidade para a cultura do chá. Leva em conta concomitantemente os excedentes hídricos da estação chuvosa e as deficiências da estação seca.
De forma geral, as melhores condições climáticas para a cultura comercial do chá são aquelas que permitem a vegetação normal da cultura e colheitas satisfatórias por período mais longo do ano. Por exemplo, o clima de Registro permite colheitas de agosto a maio, com dois meses apenas de interrupção, no entanto, outras regiões, podem apresentar produtividade maior, não por condições climáticas mais favoráveis, mas por emprego de variedades e tecnologia agrícola superiores.
Em janeiro, em pleno verão, as colheitas em Registro são feitas cada 7 a 10 dias. Em agosto, mesmo com bastante umidade, o intervalo é de 20 u mais dias. Em junho e julho as colheitas não compensam, embora o produto seja de boa qualidade.
Em Tapiraí, na encosta do Planalto a cerca de 800m de altitude, onde as temperaturas médias mensais são mais baixas, a produção do chá diminui bastante, o mesmo acontecendo com a duração do período da colheita que, normalmente, vai de setembro a abril.
Parâmetros climáticos adotados na cartografia
Pelas informações sobre os períodos de colheita e correspondentes dados climáticos, têm-se que, as condições são favoráveis a vegetação e às colheitas quando as temperaturas mensais são superiores a 18 ºC e as deficiências hídricas inferiores a 15 mm.
Para efeitos de mapeamento das condições climáticas consideradas aptas e marginais à cultura comercial do chá no Estado de São Paulo, foram adotados os seguintes parâmetros climáticos:
a) temperatura média anual (Ta), superior a 20 ºC, para indicar plena aptidão térmica a não ser durante a estação hibernal;
b) Ta entre 17 e 20 ºC, indicando marginalidade térmica em grande parte do ano, abrangendo além do inverno parte do outono e da primavera;
c) Ta, inferior a 17 ºC, indicando inaptidão por carência térmica na maior parte do ano;
d) índice hídrico Im, superior a 20, caracterizando a aptidão plena com respeito ao fator humidade;
e) Im entre 0 e 20, indicando marginalidade por restrição hídrica;
f) Im, inferior a 0, revelando inaptidão por insuficiência hídrica.
Cartografia – faixas de aptidão climática
São apresentadas na carta de aptidão climática da cultura:
Faixa "A" – Ta, superior a 20 ºC e Im acima de 20. As condições climáticas térmicas e hídricas, são favoráveis a cultura e produção do chá. Esta faixa compreende a região litorânea e Valo do Ribeira, bem como, na parte central do Planalto e parte do Vale do Paraíba.
Faixa "B" – Ta entre 17 e 20 ºC e Im, superior a 20. A faixa apresenta certa restrição térmica na estação hibernal. Esta condição embora traga marginalidade e alguma redução na produtividade, resulta na melhoria da qualidade do produto. Esta faixa compreende a maior parte da região serrana do Estado.
Faixa "C" – Im, entre 0 e 20, indicando pequena restrição hídrica, trazendo pequena marginalidade à cultura. A faixa está situada no Planalto, adjacente a faixa B.
Faixa "D" – Ta, inferior a 17 ºC. A faixa se apresenta inapta a cultura por insuficiência térmica. Abrange as áreas serranas mais altas e mais frias das Serras da Mantiqueira e do Mar.
Faixa "E" – Im abaixo de zero, indicando inaptidão climática por carência hídrica. A faixa situa-se no extremo oeste do Estado, às margens do rio Paraná.
FONTE: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, Vol. 2 – 1977.