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Boletim

Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura da citrus

Mapa da aptidão da cultura do citrus

Aptidão climática para a citricultura

Os citrus são plantas de clima tropical úmido . Não requerem como as plantas caducifólias, uma estação de repouso, e compreendem várias espécies e numerosas variedades variedades cultivadas.

As principais espécies cultivadas são:

Exigências climáticas

Como planta de origem subtropical, os citrus requerem condições climáticas caracterizadas por um ritmo anual de duas estações, uma de vegetação intensa e outra de vegetação moderada, mas ainda presente, sem interrupções por períodos demasiado frios ou secos.

Segundo a obra Las semillas agrícolas y horticolas, publicada pela FAO (1961), todas as espécies são cultivadas nas zonas tropicais, embora a produção comercial de laranja comum, tangerinas, pomelos e limões se desenvolva principalmente nas zonas subtropicais. A tolerância a geadas varia com a espécie e a variedade. A mesma obra, menciona ainda que os citrus parecem não ser sensíveis à duração do dia e que os períodos de calor e umidade condicionam o florescimento. Em casos de longos perídos de seca a irrigação pode ser recomendada, mesmo em regiões úmidas, com precipitações anuais da ordem de 1500 mm anuais.

As diversas variedades podem apresentar diferentes condições de resistência ao frio e á geada. Tanto o estado de dormência, a situação sanitária, o estado nutricional, o ataque de pragas etc..., afetam enormemente o grau de danos do frio, os quais aumentam nas plantas debilitadas pelos fatores citados.

Um efeito importante da temperatura em citrus, próprio de regiões tropicais equatoriais, com estação hibernal pouco pronunciada, é a descoloração que se observa na casca dos frutos. Quando há falta de estação fria a coloração verde da casca é retida, mesmo que a fruta alcance a maturidade, ficando os frutos esverdeados ou amarelados, com mau aspecto. Ao contrário, em regiões subtropicais, com estação fria acentuada, as laranjas adquirem coloração amarela ou alaranjada que as torna muito mais bem aceitas no mercados internacionais.

Outro efeito importante das temperaturas durante a estação de maturação do frutos é a formação de açúcares e a relação entre açúcar e acidez. Em zonas subtropicais a maturação ocorre na estação de inverno, o que retarda a formação de açúcar e torna os frutos mais ácidos. Em zonas tropicais equatoriais, ao contrário, pela ausência de estação hibernal acentuada, a maturação se processa sob temperaturas elevadas, estimulando a formação de açúcares e redução da acidez. Isso prejudica a qualidade do suco para indústrias.

Nas condições climáticas intermediárias do Planalto Paulista, tipicamente tropical de altitude, com inverno moderadamente frio, as frutas apresentam coloração mais ou menos satisfatórias, mas a qualidade do suco se mostra, em geral, excelente, com a relação açúcar/acidez, muito bem equilibrada.

Os citrus necessitam durante todo o ano, de abundante abastecimento de umidade no solo. Todavia, a citricultura pode ser explorada também em zonas secas, desérticas, desde que as plantações recebam irrigação artificial. Em zonas áridas, com rega, podem ser obtidos rendimentos de frutos mais elevados que nas melhores regiões de clima úmido.

Para obter um sistema radicular suficientemente profundo, que confira às árvores maior resistência a seca, é indispensável, que o nível das águas subterrâneas (freáticas) se mantenha profundo na estação das chuvas estivais. Se os terrenos for mal drenado e o nível freático se aproximar da superfície na estação chuvosa, as raízes profundas morrerão "afogadas", o sistema radicular ficará superficial e as plantas sofrerão enormemente com a falta d’água na estação seca.

Carta de aptidão climática

Para a obtenção da carta de aptidão climática da citricultura consideram-se as exigências dos diferentes cultivares de interesse comercial no Estado de São Paulo. Para a definição das exigências climáticas dos principais cultivares de interesse comercial em São Paulo, recourreu-se à experiência de pesquisador em Citricultura. Tais exigências se referem, particularmente à citricultura para o mercado interno de frutos "in natura", e para a produção de sucos, visando o mercado externo. Em ambos o casos, a questão da coloração da casca apresenta-se como fator secundário.

Os parâmetros adotados para definir as faixas de aptidão climática para citricultura paulista foram:

  1. Temperatura média anual (Ta) = 17 ºC: indica o limite acima do qual a faixa é considerada termicamente apta à citricultura em geral, exceto para pomelo e mexerica. Abaixo dessa temperatura média, começam a aparecer deficiências térmicas e problemas severos com geadas;
  2. Ta = 20 ºC mostra limite térmico inferior da faixa considerada apta para os cultivares pomelo e mexerica, que são mais exigentes em calor;
  3. Deficiências hídricas anuais (Da) = 0 mm: corresponde ao limite da faixa em que normalmente estão ausentes as estações com deficiências de umidade no solo. A ausência de estação seca aumenta a incidência de problemas de fitossanidade;
  4. Da = 60 mm corresponde ao limite acima do qual aparecem as faixas com deficiências hídricas sazonais pronunciadas, que podem trazer restrições na qualidade dos frutos nos anos mais secos e em laranjais com plantas já muito desenvolvidas e com a copas encontrando-se. As restrições se referem à necessidade de tomar medidas para atenuar os efeitos da falta de umidade na estação seca, como: adotando espaçamentos maiores; utilizando porta-enxertos adequados; emprego de práticas culturais destinadas a minorar os efeitos da seca, como a irrigação suplementar, ou a utilização de podas para reduzir o volume de folhagem e o consumo de umidade no solo.

Cartografia – faixas de aptidão climática

Faixa "A" – Ta superior a 17 ºC e Da entre 0 e 60 mm. É uma faixa em que as condições térmicas e hídricas se apresentam satisfatórias para a citricultura em geral. Ocorre normalmente uma deficiência hídrica sazonal moderada, favorável à sanidade e à produção das plantas. A faixa abange a parte centro-sul e oeste do planalto paulista e o vale do Paraíba;

Faixa "B" – Ta superior a 17 ºC e Da superior a 60 mm. Essa faixa apresenta condições comparáveis à anterior, com referência à aptidão térmica, mas mostra certa restrição com respeito ao fator hídrico, podendo os pomares sofrerem efeitos da seca, com certa frequência. A faixa compreende praticamente toda a metade norte do planalto paulista;

Faixa "C" – Ta inferior a 17 ºC. corresponde às áreas montanhosas, de altitude, muito frias do território do Estado. Apresenta-se inapta para a citricultura em geral. As plantas ficam muito sujeitas aos danos da geada e os frutos produzidos se mostram muito ácidos. A faixa C se apresenta todavia, com aptidão climática para algumas variedades mais resistentes ao frio, como o limão-siciliano e a laranja-azeda;

Faixa "D" – Da igual a zero. É a faixa úmida, sem estação seca, e relativamente fria, ao sul do planalto paulista. Apresenta-se inapta ou marginal a exploração da citricultura comercial. Os problemas com a sanidade da planta e dos frutos são normalmente agravados;

Faixa "E" – Ta superior a 20 ºC e Da igual a zero. É a faixa correspondente ao litoral e vale do Ribeira, onde não há estação seca e as temperaturas são relativamente elevadas. Essa condição climática se apresenta imprópria ou inapta á cultura da maioria dos cultivares. As tangerinas, mexerica e ponkan, o pomelo e o limão taiti, entretanto, encontram elevada aptidão climática, nessa faixa.

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