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Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura do feijão

O feijão, (Phaseolus vulgaris L.) é originário da América, tendo como centro principal a região sulmexicano e centroamericano, compreendendo o sul do México, Guatemala, Honduras e Costa Rica, e como secundária o sulamericano, abrangendo as áreas montanhosas elevadas do Equador, Peru e Bolívia.

A localidade de Guanajauto, no México, a 21º10’ norte e a 2100 metros de altitude, com verão chuvoso de temperaturas amenas cerca de 20 ºC representa a condição climática típica do centro sulamericano. O balanço hídrico de Guanajauto, segundo método de Thornthwaite & Mather (1955) – 125 mm acusa excedentes hídricos de 124 mm no verão trazendo condições térmicas e hídricas favoráveis à vegetação e produção do feijão. No resto do ano prevalecem deficiências hídricas elevadas totalizando 261 mm, que condicionam ambiente de elevada aridez, favoráveis à sanidade da cultura.

Exigências climáticas

Pode-se considerar o feijão como cultura das mais exigentes em clima. Todavia, como é de ciclo bastante curto, apenas três meses, e como se mostra indiferente ao fotoperiodismo, possibilitando a escolha do período ou estação do ano favorável ao cultivo, não é difícil encontrar áreas climaticamente aptas à cultura comercial, na região estudada.

Martin & Leonard (1949) consideram que temperaturas muito elevadas prejudicam a frutificação e as muito baixas retardam demasiadamente o desenvolvimento das plantas. A temperatura média mensal de 21 ºC durante o ciclo vegetativo, seria o ideal.

Com respeito ao fator hídrico considera-se que o mais importante é não faltar umidade no solo, em todo o período vegetativo desde o plantio até a maturação das vagens. A cultura é beneficiada com a diminuição das precipitações após a maturação e durante a colheita do produto. Analisando o clima e solo para o feijoeiro, acentua que o excesso de umidade, aliado a temperaturas elevadas, favorece a epifitas de moléstias de fungos e bacterianas, particularmente da antracnose e da podridão bacteriana.

Nos Estados Unidos, considera-se que toda a produção comercial de feijão está restrita às áreas do país em que a temperatura média do mês mais quente, setembro, não ultrapassa 21 ºC.

Parâmetros climáticos adotados na cartografia

O trabalho de zoneamento agroclimático do feijoeiro, preparado em 1971 por Camargo (1972) para o Brasil, foi adotada a temperatura média mensal do mês mais frio, de 22 ºC, como limite máximo de aptidão térmica e o limite de 50 mm de deficiência hídrica anual para definir as várias faixas sazonais de aptidão climática para a cultura comercial do feijão.

Em mapeamento mais detalhado para o Centro-Sul do país o mesmo autor empregou os mesmos parâmetros para definir os limites de aptidão climática, propondo três faixas de aptidão, abrangendo a área do Estado de São Paulo. São as seguintes:

a) áreas com temperatura média do mês mais quente inferior a 22 ºC: apto no verão e nas meias estações climaticamente inapto no inverno, por insuficiência térmica e danos de geada;

b) mês mais quente acima de 22 ºC e deficiências hídricas inferiores a 50 mm anuais: apto no inverno e nas meias estações; inapto no verão por excesso térmico;

c)mês mais quente acima de 22 ºC e deficiências hídricas superiores a 50 mm anuais: apto no inverno com irrigação; marginal nas meias estações; inapto no verão.

Neste trabalho preparado especialmente para o Estado de São Paulo foi adotado o mesmo parâmetro térmico de 22 ºC de temperatura média para o mês mais quente. Para o fator hídrico foi adotado um limite um pouco mais rigoroso; de 20 mm de deficiências hídricas anuais para se considerar a plena aptidão climática nas culturas de meia estação, sem irrigação.

Cartografia - faixas de aptidão climática

As faixas de aptidão climática adotadas para a cultura do feijão são as seguintes:

Faixa "A" - Temperatura média do mês mais quente (T1), inferior a 22 ºC. Apto nas meias estações (das águas e da seca) e no verão para a cultura do feijão. Inapto no inverno pela freqüência de geadas. Esta faixa compreende a região serrana de altitude e mais fria do Estado, em geral nas Serras do Mar e da Mantiqueira e seus contrafortes.

Faixa "B" - T1, superior a 22 ºC e deficiência hídrica anual (Da) inferior a 20 mm. Condições climáticas, caracterizadas pelo inverno ameno, freqüentemente livre de geadas e de seca. Apto, climaticamente, nas meias estações (cultura das águas e da seca) e no inverno. Inapto no verão pelo excesso de calor e umidade. A faixa compreende o sudoeste e sul do planalto (Região da Sorocabana).

Faixa "C": T1, acima de 22 ºC e Da superior a 20 mm. Verão muito quente e úmido e inverno muito seco. Apto no inverno com irrigação; marginal, nas meias estações muito curtas, por problemas de calor ou de deficiências hídricas freqüentes. Inapto no verão por calor e umidade excessivos, trazendo problemas fitossanitários. A faixa compreende quase todo o interior do Planalto Paulista.

FONTE: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, Vol. 2 - 1977.

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