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Boletim

Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura do batata

Mapa da aptidão da cultura da batata

Aptidão agroclimática

A batata cultivada na Europa, Solanum tuberosum, é, originária do Centro de origem Chiloe, uma ilha próxima à costa sul do Chile. No Centro Peruano-Equatoriano-Boliviano a batata originária seria a S. andigenum, com o dobro do número de cromossomos. Hoje, há tendência para considerar que este último é o verdadeiro centro de origem também da S. tuberosum, sendo os dois tipos apenas sub-espécies.

Exigências climáticas

O clima desempenha um papel muito importante na produção da batata. As culturas mais produtivas são encontradas nas regiões ou estações em que prevalecem temperaturas baixas.

No Estado de São Paulo as áreas batateiras, mesmo em grande parte das serranas, apresentam médias mensais superiores a 21 ºC durante o verão. A batata é cultivada nas meias estações: de primavera (das águas) e de outono (da seca) ou inverno. Nesta é normalmente feita com irrigação suplementar.

As geadas que ocorrem nas regiões frias durante o inverno são, porém, limitantes para a cultura da batata. As ramas da planta são destruídas quando atingida a temperatura de congelamento.

A condição de baixa temperatura é particularmente importante para a cultura da batata para semente. Sob essas condições os sintomas de mosaico são muito distintos, permitindo aos agricultores realizar efetivamente o "roguing" (remoção das plantas afetadas). No entanto, quando a temperatura média é de 25 ºC ou mais, as plantas infectadas com mosaico não podem ser reconhecidas e portanto não removidas, permitindo a propagação da moléstia. A batata-sementes produzidas em tais áreas darão alta porcentagem de plantas com mosaico quando utilizadas em culturas comerciais.

Com relação ao fator umidade a batata mostra-se bem mais tolerante. A planta vegeta bem desde que em condições de moderada deficiência hídrica. Por outro lado, a vegetação da batata parece ser pouco influenciada pela umidade atmosférica a não ser indiretamente. O suprimento de água no solo, entretanto precisa ser facilmente disponível para permitir o crescimento uniforme e estável. Um suprimento desigual de água pode causar embonecamento nos tubérculos, que deprecia o produto.

Na presença de moléstias de fungo da folhagem, a umidade atmosférica assume grande importância. Ela favorece a incidência de sérias enfermidades coma a requeima (Phytiphthora infestans) e pinta preta (Alternaria solanum). A requeima, moléstia da maior importância econômica é favorescida pela associação de alta umidade e baixa temperatura.

No Estado de São Paulo as condições de umidade e temperatura nas áreas climaticamente aptas à planta, normalmente, favorecem a elevada incidência de moléstias de fungo, o que obriga as freqüentes aplicações de fungicidas.

Camargo (1971), em carta de aptidão climática da cultura da batata, preparada para a Região Centro-Sul do Brasil, publicada pelo Instituto de Planejamento Econômico e Social – IPEA, empregou para separar a grosso modo, as faixas de aptidão térmica, a temperatura média de 22 ºC para o mês mais quente e para o mês mais frio. Áreas com o mês mais frio superior a 22 ºC foram consideradas inaptas para a cultura da batata em todas as estações. Aquela com o mês mais quente inferior a 22 ºC foi por sua vez considerada climaticamente aptas em todas as estações, exceto naquelas sujeitas à geada.

Parâmetros climáticos adotados

Os parâmetros climáticos adotados para identificar as diferentes faixas de aptidão foram:

a) temperatura média anual (Ta) superior a 22 ºC, indicando inaptidão térmica em todas as estações do ano;

b) idem entre 21 e 22º para indicar a aptidão térmica marginal nas meias estações e plena aptidão no inverno

c) idem entre 19 a 21 ºC para indicar a aptidão nas meias estações e no inverno;

d) idem, entre 17 e 19 ºC, representando a aptidão térmica o ano todo, exceto nas áreas sujeitas a geadas no inverno;

e) idem, inferior a 17 ºC, indicando a aptidão especial para produção de batata-semente, com exceção das afetadas pelas geadas;

f) deficiência hídrica anual, segundo T&M-125 mm, superior a 0mm, para indicar a necessidade de regas suplementares particularmente nas culturas de inverno;

g) idem, inferior a 0mm, indicando regas dispensáveis e também ocorrência de alta umidade atmosférica, trazendo condições desfavoráveis, pela maior possibilidade de incidência de moléstias criptogâmicas.

Cartografia – faixa de aptidão climática

As faixas de aptidão climática para a cultura da batata, no Estado de São Paulo, adotadas são as seguintes:

Faixa "A" – Ta entre 19 e 21 ºC. Apto nas meias estações, para as culturas das águas e da seca. As condições térmicas e hídricas são satisfatórias exceto no verão, quando o calor e a umidade são excessivos. Compreendem o sul e leste do Planalto, principalmente as áreas serranas não muito elevadas.

Faixa "B" – Ta, entre 21 e 22 ºC e Deficiências hídricas anuais (Da) superiores a 0 mm. Inapto no verão e marginal nas meias estações por calor acentuadoa ou excessivo. Apto no inverno, com rega. Abrange praticamente toda a parte central, não serrana, do Planalto Paulista.

Faixa "C" – Ta, acima de 22 ºC e Da superior a zero milímetros. Inapto nas meias estações por calor excessivo. Apto, porém no inverno, com rega. Compreende as partes mais baixas e quentes do interior do Planalto até as margens dos rios Grande e Paraná.

Faixa "D" – Ta, entre 17 e 19 ºC. Apto o ano todo, à cultura da batata, exceto no inverno, quando é muito frio e as geadas bastante freqüentes. Compreende as áreas serranas do sul e leste do Planalto.

Faixa "E" – Ta acima de 21 ºC e Da igual a zero milímetros. Apresenta-se marginal e inapta para a bataticultura. O calor e umidade excessivos na maior parte do ano agravam os problemas fitossanitários. No inverno as condições melhoram, podendo ser considerada apta e marginal á cultura da batata. Compreende as áreas litorâneas e o Vale do Riberia do Iguape.

Faixa "F" – Ta inferior a 17 ºC. Mostra-se apta para a produção de batata-semente, exceto no período hibernal quando as temperaturas são muito baixas e as geadas severas freqüentes. Compreende as áreas mais elevadas da Serra do Mar, no sul do Planalto e da Serra da Mantiqueira, no vale do Paraíba.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo.

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