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Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura do cacau

Mapa da aptidão da cultura do cacau

Aptidão climática para a cacauicultura

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma planta perene, originária da América tropical. O material cultivado está normalmente incluído num dos tres seguintes grupos: criolo, forasteiro amazônico e trinitário. No Brasil cultiva-se comercialmente o cacau forasteiro. Ultimamente estão sendo plantados híbridos diversos entre os vários grupos.

Exigências climáticas

O cacaueiro está adaptado ao clima tropical chuvoso. Segundo dados obtidos na Costa Rica, Gana e Brasil, Hardy (1961) estabeleceu os parâmetros abaixo para definir as exigências agroclimáticas para o cacaueiro:

  1. Temperatura Média Anual (Ta), superior a 21 ºC;
  2. Temperatura Mínima Diária, superior a 15,5 ºC;
  3. Temperatura Mínima Absoluta, não inferior a 10 ºC;
  4. Para floração abundante e boa frutificação, a temperatura média não deve cair abaixo de 22 ºC;
  5. Para assegurar conveniente abertura de gemas e formação de frutos novos, a temperatura máxima deve ser inferior a 28 ºC e a amplitude diária não passar de 9 ºC.

A chuva deve ser abundante e bem distribuída no decorrer do ano. O crescimento e a produção estão estreitamente ligados à provisão de água.

Admite-se que, em boas condições de solo, o mínimo anual de precipitação necessária para o cacau situa-se ao redor de 1250 mm, sendo preferível um média anual de 1500 mm. Dificilmente se pode falar em limite máximo pois o cacaueiro desenvolve-se em regiões com até 5000 mm de chuva anual.

No Brasil, quase toda a produção de cacau procede da área costeira chuvosa da Bahia. Em uma faixa de cerca de 500 km de comprimento existem mais de duzentos mil hectares de plantações de cacau, em uma região úmida, com 2000  mm anual de precipitação.

Um fator limitante é o vento, que danifica a folhagem nova, muito tenra, e prejudica o enfolhamento. Nas regiões dos ventos alísios, os vales protegidos são áreas apropriadas para o cultivo.

Cartografia – Aptidão Climática

No preparo da carta de aptidão climática da cacauicultura foram consideradas as exigências dos cultivares de interesse comercial para o Estado de São Paulo. Para a definição dos parâmetros climáticos consideram-se os dados existentes na literatura e também valiosas indicações oferecidas diretamente por pesquisador em cacauicultura.

Limitações climáticas: Os parâmetros adotados para a definição das diferentes faixas de aptidão climática, para cultura do cacaueiro, foram os seguintes:

  1. Temperatura Média Anual (Ta) = 21 ºC indica o limite inferior da faixa térmica considerada favorável à cacauicultura. Abaixo desse limite, as condições térmicas são prejudiciais ao desevolvimento do vegetal;
  2. deficiência hídrica anual (Da), menor que 40 mm: corresponde à faixa sem estação seca pronunciada, a qual não apresenta restrição hídrica para o cultivo do cacaueiro;
  3. Da compreendida entre 40 e 100 mm: é uma faixa com acentuada restrição hídrica, apresentando estação seca sensível, o vegetal apresenta restrições no desenvolvimento e a formação dos frutos é defeituosa. A faixa hídrica compreendida entre 80 e 100 mm de deficiência anual apresenta-se marginal nos solos Podzolizados, mas nos Latossolos a faixa já se apresenta inapta ao cultivo do cacaueiro, pela sua menor capacidade de oferecer água disponível às plantas. Já toda a faixa além de 100 mm de deficiência anual, por apresentar estação seca muito pronunciada, é considerada inapta à cacauicultura.

Cartografia: as regiões com as diferentes aptidões climáticas previstas são:

Faixa "A" – Ta de 21 ºC e com Da abaixo de 40 mm: não apresenta restrições nem térmicas nem hídricas, e é considerada apta para a cultura. Compreende as regiões abrangidas pelos municípios de Presidente Prudente, Presidente Epitácio, Osvaldo Cruz, Marília, Bauru e Limeira no Planalto, parte do Vale do Paraíba e a faixa litorânea.

Faixa "B" – Ta acima de 21 ºC e Da compreendida entre 40 e 100 mm; é uma faixa com certa restrição hídrica, por apresentar estação seca moderada, considerada marginal à cultura do cacaueiro; nos solos Latossolicos, a faixa é considerada inapta quando a deficiência está acima de 80 mm. Compreende as regiões do Vale do Rio Agupeí, dos municípios de Jaú, Piracicaba, Catanduva, Jaboticabal, São Joaquim da Barra e de Ituverava, bem como a parte baixa do Vale do Paraíba.

Faixa "C" – É uma faixa semelhante à faixa A, com temperatura média anual acima de 21 ºC e deficiência hídrica anual abaixo de 40 mm; por apresentar problema de geadas freqüentes, é considerada marginal, devendo, para o cultivo desse vegetal, ser escolhidos apenas terrenos elevados e muito bem drenados, menos atingidos pelo fenômeno. Compreende a região do rio Paranapanema e afluentes.

Faixa "D" – Ta acima de 21 ºC e Da acima de 100 mm; região considerada inapta à cultura comercial, por apresentar estação seca muito pronunciada. Compreendem a região Norte do Estado e os vales dos rios Turvo, São José dos Dourados, Pardo, Mogi Guaçu, Sapucaí-Mirim, parte baixa do Tietê e todo o Vale do Rio Grande.

Faixa "E" – Ta inferior a 21 ºC; região considerada inapta, por apresentar insuficiência térmica para o desenvolvimento normal do cacaueiro e por estar muito sujeita à incidência de geadas; corresponde a toda a área montanhosa do Estado.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, vol. 1. 1974.

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