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Boletim

Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura do arroz

Mapa da aptidão da cultura do arroz

Aptidão agroclimática

Apesar de originária de região tropical, a cultura do arroz floresce sob larga variação de condições climáticas, sendo difícil definir aquelas mais favoráveis para o seu desenvolvimento. As mais altas produções são normalmente obtidas em regiões subtropicais ou de clima temperado com verão quente. A faixa de cultura se estende desde cerca de 45º norte a 40º sul do equador e desde o nível do mar até 3000m de altitude, no Himalaia (Crist, 1970).

Pode ser cultivado em qualquer região que tenha de 4 a 6 meses com temperaturas médias todas acima de 20 ºC e média das mínimas superior a 10 ºC com umidade suficiente no período vegetativo (Ochse, et al., 1965).

Existe grande variedade de tipos com exigências e precocidades variáveis divididas em várias sub-espécies, sendo a Índia e a Japônica as mais conhecidas. A primeira apresenta, em geral, os grãos mais longos e dão no cozimento um produto mais enxuto, como é do gosto brasileiro. Os tipos da sub-espécie, Japônica são em geral adaptados para regiões de latitudes maiores ás condições fotoperiódicas de dias longos. As plantas dessa sub-espécie são freqüentemente de porte menor, apresentando as folhas mais estreitas e com melhor arquitetura foliar.

A precocidade é bastante variável entre os tipos conhecidos, encontrando-se cultivares desde 90 dias de ciclo, ou seja, do plantio à maturação, até outros, tardios, com mais de 140 dias.

Hoje, com os trabalhos de melhoramento genético, é disponível uma enorme variedade de tipos com diferentes características desejáveis reunidas, que podem tornar mais elásticas as definições das exigências climáticas da rizicultura.

Exigências climáticas

O arroz é uma das plantas tropicais mais exigentes em umidade do solo, e o único cereal que pode ser cultivado em solo inundado. Onde a região não dispõe de abundantes precipitações no período vegetativo, as irrigações suplementares ou regulares tornam-se indispensáveis. A cultura de sequeiro requer pelo menos um total de 600 mm na estação vegetativa, com o ótimo em torno de 1200 mm (Ochse, et al., 1965).

A fase crítica da cultura do arroz é a da floração, que dura cerca de 10 a 15 dias, e o período do "emborrachamento", de 30 dias, que a precede. Ao todo, é um período de mais ou menos um mês e meio, que no Estado de São Paulo ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Considera-se que o arroz de sequeiro requer pelo menos um total de 180 mm de chuva, nesse período de janeiro e fevereiro, para garantir a frutificação e o sucesso da cultura.

Camargo (1969) incluiu no grupo de plantas de clima tropical monçonico, com os seguintes parâmetros para definir a aptidão climática:

Temperatura média anual (Ta), superior a 19 ºC. Nesse caso, os dados climáticos mostram que pelo menos em quatro dos meses do período vegetativo, as temperaturas médias mostram-se superiores a 20ºC, limite inferior da faixa de aptidão térmica segundo Ochse, 1965;

b) Índice hídrico de Thornthwaite (1948), positivo;

c) deficiências hídricas segundo método de Thornthwaite & Mather (1955), para 125 mm de capacidade de retenção acima de 40mm anuais.

Parâmetros climáticos adotados

Para as condições do Estado de São Paulo, foram adotados na definição de exigências climáticas para a cultura do arroz de sequeiro, os seguintes parâmetros:

a) (Ta) 18 ºC: indica o limite inferior da faixa considerada termicamente apta para a rizicultura do Estado de São Paulo; nesse caso, os meses do período vegetativo apresentam-se com temperaturas médias superiores a 20 ou mesmo a 21 ºC, apresentando ótimas condições térmicas para a cultura;

b) deficiência hídrica anual (Da) = 0 mm: indica o limite acima do qual ocorre normalmente uma estação seca favorável à maturação e à colheita do arroz;

c) excedente hídrico anual (Ea) = 200 mm: representa o limite abaixo do qual são freqüentes as estiagens na fase vegetativa, particularmente nos correspondentes aos períodos críticos do "emborrachamento" e da floração do arroz, que ocorrem em geral nos meses de janeiro e fevereiro. Admite-se que áreas com chuvas normais inferiores a 180 ou 200 mm por mês no período crítico, apresentariam restrições à cultura do arroz. Dessa forma, áreas com menos de 400 mm de chuva total nos meses de janeiro e fevereiro, estão mais sujeitas a sofrer os veranicos prejudiciais à produção de arroz.

Para estudar as relações entre os totais pluviométricos no período crítico de janeiro e fevereiro (Pjf), com os excedentes hídricos anuais (Ea), estimou-se a equação de regressão seguinte:

Pjf = 337,29 + 0,27Ea

Essa equação foi baseada em dados de 79 postos meteorológicos da partes norte e oeste do Estado de São Paulo. O coeficiente de correlação (r) foi de 0,84 e o de determinação (R2), de 0,71.

Por essa equação, o valor de 200 mm para excedentes hídricos anuais (Ea) corresponde à precipitação de 391 mm dos meses de janeiro e fevereiro. Esse resultado justifica a utilização da carta de excedentes hídricos anuais, para fornecer os parâmetros utilizados na carta de aptidão climática para a cultura do arroz de sequeiro.

Cartografia - faixas de aptidão climática

As diferentes faixas adotadas no zoneamento da aptidão climática para a cultura do arroz de sequeiro foram as seguintes:

Faixa "A" - Ta, superior a 18 ºC e excedente hídrico anual Ea, entre 100 e 800 mm. Apresenta condições térmicas e hídricas plenamente favoráveis à cultura do arroz de sequeiro. Essa faixa compreende quase todo o planalto paulista, o Vale do Paraíba e grande parte do Vale do Ribeira do Iguape.

Faixa "B" - Ta, acima de 18 ºC e Ea, maior que 800 mm. É considerada inapta à cultura comercial do arroz de sequeiro, por apresentar umidade excessiva o ano todo. Compreende a faixa litorânea muito úmida do Estado.

Faixa "C" - Ta inferior a 18 ºC. Mostra-se inapta por insuficiência térmica. Abrange as áreas serranas muito frias do Estado.

Faixa "D" - Ea, inferior a 100 mm. Mostra-se marginal e inapta à rizicultura de sequeiro, por insuficiência hídrica no período vegetativo. É apta com irrigação. Compreende o extremo oeste do Estado, nas proximidades do Rio Paraná.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, Vol. 2 – 1977.

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