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Zoneamento macro - Aptidão ecológica da cultura do banana

Mapa da aptidão da cultura da banana

Aptidão Climática para a Cultura da Banana

A banana é uma planta perene, típica de clima tropical úmido. São conhecidos numerosos cultivares, compreendendo várias espécies do gênero Musa, sendo as três mais cultivadas, M. cavendishii, M. paradisiaca e M. sapientum, originárias do Centro Indo-Maláio, que compreende a Indochina e arquipélago Malaio.

Exigências Climáticas

Dados climáticos indicam ser a bananeira, de modo geral, bastante resistente a períodos de seca, desde que as precipitações na estação vegetativa sejam suficientes para a formação dos cachos. As observações em várias regiões de cultivo comercial da Musa, como na área do Caribe e mesmo no Brasil Central, confirmam o fato de muitos cultivares suportarem bem períodos secos bastante acentuados. Isso não significa que a planta exija períodos secos. Ao contrário, muitas plantações comerciais são exploradas, sem qualquer inconveniente, em regiões úmidas sem qualquer estação seca normal, como acontece no litoral sul do Estado de São Paulo.

Segundo informações técnicas de especialistas em bananicultura, do Instituto Agronômico de Campinas, a resistência à seca da bananeira varia muito com o cultivar. A banana ouro é muito pouco resistente à seca. Os cultivares nanica e nanicão são medianamente resistentes. Os demais cultivares produzidos em São Paulo, inclusive a mação e a prata, são muito resistentes à seca.

Com relação às baixas temperaturas dos meses hibernais, já os dados e informações existentes mostram que a bananeira é bastante sensível e pode Ter a produção prejudicada quando a temperatura média mensal cai abaixo de certos limites. Isso é esperado, vez que o centro de origem da planta não está sujeito a ocorrência de meses relativamente frios, abaixo de cerca de 20 ºC, no inverno.

Segundo Wilsie (1966), a bananeira adapta-se bem em regiões tropicais de altitude pouco elevada e terrenos bem drenados e livres de geadas severas, nas proximidades dos trópicos. As maiores produções são altas o ano todo e com o máximo de iluminação solar. As temperaturas médias mensais ótimas estão entre 24 e 29 ºC. Para obter boa produção, são necessárias grandes quantidades de água, cerca de 1900 mm, ou mais, bem distribuídas no curso do ano, tanto, que, quando há estação seca, a irrigação é recomendada.

Temperaturas baixas durante a estação hibernal, mesmo que não tragam problemas de queima das plantas causada por geadas, podem prejudicar os frutos em formação. Em regiões de maior altitude, principalmente fora da faixa intertropical, como a região do Vale do Ribeira e sul do Planalto Paulista, estão sujeitas, durante o inverno, a freqüentes invasões de massas de ar frio de origem polar, que trazem intensos abaixamentos das temperaturas. Essas ondas, mesmo que não tragam danos de geada na folhagem, afetam os frutos em crescimento, provocando a conhecida "friagem" que torna o produto impróprio para o comércio, especialmente para o mercado externo.

As temperaturas baixas são prejudiciais ao desenvolvimento e qualidade da banana. Seus sintomas mais típicos são definidos na ocorrência do "chilling" de campo. O chilling ou friagem, impede que o fruto atinja a plenitude de crescimento, tornando-o pequeno e de maturação incompleta. O dano causado pelo chilling de campo é função do número de horas com temperaturas baixas, sendo mais citados os índices de 10 a 12 ºC como limites.

Carta de Aptidão Climática

No preparo da carta de aptidão climática da bananicultura, foram consideradas as exigências dos diferentes cultivares de interesse comercial para o Estado de São Paulo.

Limitações Climáticas - Os parâmetros adotados na definição das diferentes faixas de aptidão climática foram os seguintes:

a) Temperatura média do mês mais frio (Tmf) = 18 ºC: indica o limite inferior da faixa térmica favorável, considerada ótima à bananicultura. Abaixo desse limite, começam a aparecer problemas de "friagem" nos frutos;

b) Tmf = 15 ºC: indica o limite abaixo do qual a bananicultura sofre deficiência térmica, problemas graves com geadas e a área se torna inapta à cultura comercial;

c) Deficiências hídricas anuais (Da) = 0 mm: corresponde à ausência de estação seca; apresenta aptidão para todos os cultivares;

d) Da = 80 mm: abaixo desse limite a área apresenta estação seca moderada e oferece aptidão climática para todos os cultivares, à exceção da banana ouro, que é pouco resistente a seca. Acima desse limite, a estação seca se apresenta mais acentuada; também as bananas nanica e nanicão, que são, moderadamente resistentes a seca, não encontram aptidão climática; para os demais cultivares, muito resistentes a seca, não há problemas com as deficiências hídricas nas condições do Estado de São Paulo.

Cartografia – faixas de aptidão climática

As faixas com as diferentes aptidões climáticas previstas são:

Faixa " A" – Tmf acima de 18 ºC e Da, acima de 80 mm. Essa faixa não apresenta restrições térmicas mas exibe uma estação seca bastante pronunciada. É considerada apta para todos os cultivares comercialmente plantados no Estado, à exceção daqueles menos resistentes a seca, como a ouro, nanica e nanicão. A faixa não apresenta problemas de ocorrência de "friagem". Abrange a parte mais norte, mais quente do território do Estado, o vale do baixo Tietê, todo o rio Grande e as partes baixas dos vales do Turvo, Pardo e Sapucaí Mirim.

Faixa "B" – Tmf acima de 18 ºC e Da entre 0 e 80 mm. É uma faixa semelhante à anterior, apenas as deficiências hídricas sazonais são menos acentuadas. Nessa faixa, apenas a banana ouro, muito pouco resistente à seca, não encontra aptidão climática. Essa região está situada no extremo oeste do Estado, nos vales do Paraná, Aguapeí, Peixe e Santo Anastácio e baixo Paranapanema. Não ocorrem, normalmente, problemas de "friagem".

Faixa "C" – Tmf, entre 15 e 18 ºC e Da, acima de 80 mm. Essa faixa, como a "A", só não apresenta aptidão para as variedades mais sujeitas à seca, como ouro, nanica e nanicão. Como a temperatura do mês mais frio é inferior a 18 ºC, há problemas de ocorrência de "friagem". Essa faixa compreende pequenas áreas do planalto em sua parte nordeste.

Faixa "D" – Tmf entre 15 e 18 ºC e Da, entre 0 e 80 mm. Como a faixa "B", as deficiências hídricas são moderadas e apenas a banana ouro não encontra aptidão. Estando a Tmf a 18 ºC, a área apresenta problemas de "friagem" nos frutos. A faixa ocupa grande área do planalto, particularmente a parte central.

Faixa "E" – Tmf entre 15 e 18 ºC e Da, igual a zero. Nessa faixa não ocorrem deficiências hídricas sazonais e todos os cultivares encontram aptidão climática. Como a temperatura do mês mais frio está aquém de 18 ºC, o problema de "friagem" está presente. A área corresponde à baixada litorânea e ao vale do Ribeira do Iguape.

Faixa "F" – Tmf, abaixo de 15 ºC. Essa faixa é demasiado fria e apresenta deficiência térmica para a cultura comercial da bananeira. Abrange as áreas montanhosas de altitude, das serras do Mar e da Mantiqueira, no sul e leste do Estado.

Fonte: Zoneamento Agrícola do Estado de São Paulo, vol. 1. 1974.

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